Começa no dia 8 de dezembro a exposição “Para além das telas: pintando uma nova vida sem violência contra as mulheres”. As obras são de uma adolescente ijuiense de 16 anos que está no Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino do Estado do Rio Grande do Sul e é uma parceria entre a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (FASE) e o Museu Antropológico Diretor Pestana. A abertura será às 19h no Espaço Ijuí Hoje. Após a abertura, a Exposição permanecerá no espaço até o dia 15 de dezembro.
Como é menor de idade, e em situação de acolhimento, a jovem não falou com nossa reportagem. Mas Estela Maris Gruske Junges, agente socioeducadora, relatou um pouco sobre o trabalho dela. “A nossa educanda é mãe, mulher, artista, feminista e tem revolucionado as paredes do Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino e vai revolucionar também o museu e a cidade de Ijuí”, relata. A jovem iniciou no projeto “Meu Querer” em março de 2020 com o desejo de rabiscar, desenhar, e colocar no papel figuras de animais. No decorrer das atividades, contudo, ela viu um outro projeto de uma adolescente que estava retratando os cinco tipos de violência da Lei Maria da Penha. Daí surgiu uma mudança de trajetória e o desejo de estudar sobre feminismo e ela levou isso para as telas.
De acordo com Estela Maris, alguns quadros da artista tem esse viés mais voltado para o social, pois retratam algo que está acontecendo na sociedade nesse período em que ela estava cumprindo medidas socieducativas. Outros quadros tem uma abordagem muito mais individual e tem a ver com sofrências da própria artista. “Olhando as obras produzidas talvez a gente pense que o produto do Projeto Meu Querer sejam elas, mas na verdade o produto está nas próprias adolescentes que saem desse processo com muito mais empoderamento, muito mais vontade de aprender e com autonomia e que é possível, sim, encontrar nas tintas e nas telas, um meio e uma oportunidade de uma vida mais saudável e um viver melhor.”, finaliza.
O Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Casef) é a única casa de acolhimento de adolescentes feminina do Estado. O local fica em Porto Alegre, dentro da Fase. Além dessa diferença, o Projeto Meu Querer também é diferente. “Aqui dentro a gente desenvolve diversos projetos. Sempre parte de um socioeducador, que são os funcionários que ficam diretamente com os socioeducandos. Normalmente um projeto, ou uma oficina, parte de conhecimentos que o agente já possui, mas o Meu Querer vai um pouco de encontro a isso, porque a ideia do que fazer não parte de nós.”, explica Régis Moraes Brum, agente socioeducador. “Nós fazemos uma conversa com cada menina e nessa conversa vão surgindo os possíveis quereres dessa adolescente. Ou seja, é a adolescente que traz o que ela gostaria de fazer. Quando ela decidir esse querer nós vamos atrás para ver como a gente vai conseguir construir para que essa menina tenha contato, experimente, esse querer dela.”, finaliza.