Na quarta-feira, 24, a Polícia Civil de Portão prendeu um pai de família acusado de abusar sexualmente das filhas. Nossa reportagem conversou com do Delegado Marcos Mesquita Moreira, que conduziu o caso, para dar mais detalhes da prisão do acusado.
Entenda: Polícia Civil de Portão prende pastor acusado de estupro de vulnerável
De acordo com o Delegado Marcos Mesquita Moreira, o caso chegou até a Polícia Civil através de uma denúncia pelo Disque 100 do Ministério Público. “A denúncia foi feita tanto para nós quanto para o Conselho Tutelar. Isso foi na segunda-feira. Na terça-feira nós diligenciamos o endereço e a gente tinha que esperar o momento em que o acusado estivesse ausente, porque ele é o pai da família e ali estão as vítimas. Fomos até o local e conseguimos convencer as vítimas a falarem. Umas falaram espontaneamente, as outras resistiram um pouco, mas depois falaram informalmente no local. Então nos deslocamos até a Delegacia para colher os depoimentos.”, explica o Delegado.
Saiba mais: União de Ministros Evangélicos de Portão publica nota de repúdio
O Delegado também falou de como estavam as vítimas quando a Polícia chegou ao local. “Chegando no endereço, nós convencemos e tranquilizamos as vítimas. A gente percebeu que as vítimas e a esposa do suspeito estavam bastante assustadas e resistentes a falar. As convidamos à comparecer à Delegacia. Conversamos com bastante calma, pois as vítimas e a esposa tinham uma preocupação, porque ele é o pai da família, é ele quem sustenta o lar, e elas são dependentes dele. Existe um medo misturado com respeito, e um respeito atrelado na questão de que ele é um líder religioso, a família tem uma fé bem fervorosa”.
Sobre as vítimas, o delegado falou que quatro delas eram menores de idade: “ São cinco filhas. Dessas cinco, quatro são menores de idade. A maior de idade é mais velha, não quis prestar depoimento, mas acreditamos que ela também tenha sido vítima dele. A princípio ela não está falando, mas nós vamos procurar ela de novo. As outras foram até a Delegacia, a mãe e as quatro filhas, duas gêmeas de 12 anos, uma de 15 anos e uma de 17 anos. Todas confirmam os abusos. A mãe confirmou que viu, há uns 3 meses atrás, a filha de 12 anos chorando, que acordou com o choro da filha, foi falar com ela para ver o que tinha acontecido, e antes disso tinha visto o marido saindo do quarto dela. A filha disse que tinha acontecido coisa errada e ela perguntou ao marido. Ele (em um primeiro momento) negou, mas depois o marido confirmou.”, explica o Delegado.
Sobre o filho da filha de 17 anos ser fruto dos abusos do pai, o Delegado informou que a mãe das vítimas acredita ser filho do marido: “ A mãe também falou que há um ano atrás ela soube que o marido vinha abusando da outra filha de 12 anos. Ela também falou que o produto de um dos abusos da filha dela, resultou em um nenê, com a filha de 17 anos do casal”.
O Delegado pediu a prisão preventiva do casal, mas foi proferida apenas a prisão do suspeito. De acordo com o Delegado, Quanto a mãe a juíza decretou seu afastamento em relação as filhas/vitimas. As filhas foram encaminhadas para um lar de acolhimento de Novo Hamburgo e a mãe e a filha mais velha ficaram na casa da família.
O Delegado também declarou que o acusado foi até a delegacia prestar depoimento, mas que não pôde ser preso em flagrante: “No primeiro dia ele compareceu na Delegacia e nós já o ouvimos. Só que como não tinha nenhum abuso na noite anterior, então a gente não pode prender ele em flagrante. Inclusive eu mandei o primeiro depoimento, onde ele admitia que cometia os abusos. Com base no relato dele, na confissão, foi deferido a prisão dele. E ele estava muito tranquilo. No outro dia nós o prendemos, e ele estava até no local de trabalho dele, e estava bem tranquilo, mas admitiu o estupro de apenas uma das filhas, alegando que ela queria, e que manteria relações com ela e que não contariam para ninguém.
Por fim, o Delegado se mostrou preocupado com o futuro das meninas vítimas. ”Na hora que eu representei pela prisão preventiva, me passou pela cabeça: ‘qual seria o futuro dessas meninas?’. Uma família foi destruída por causa desse psicopata e ao mesmo tempo ele era o provedor da família. E eu estou pensando ‘qual vai ser o futuro delas?’, mas por outro lado eu pensei assim, ‘mas o futuro delas já foi destruído’. A infância e a juventude foi corrompida, vai ficar traumatizada pelo resto da vida. E sendo o suspeito, o agressor, justamente a pessoa que mais deve zelar, proteger e cuidar delas”, finaliza o Delegado.