No início da manhã desta segunda-feira, 12, a Polícia Civil, por meio da 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico e da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Denarc, realizou a Operação Consortium, com a finalidade de desmantelar organizações criminosas voltadas ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
A operação foi realizada nas cidades de Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Estância Velha, Novo Hamburgo, Tramandaí, Osório, Charqueadas, Viamão, Canoas, Soledade, Pelotas, Passo Fundo e Cruz Alta, além dos Estados de Santa Cataria e Paraná, com cumprimento de ordens judiciais.
O total de medidas cautelares investigadas durante dois anos de investigação executas hoje chefa a 375, entre quebras bancárias, fiscais, financeiras, telepáticas, extração de dados telefônicos, mandados de busca, prisões temporárias, preventivas, bloqueios de contas bancárias e valores milionários, indisponibilidade de imóveis, veículos, apreensão de valores em espécie e carros de luxo. O total movimentado pelos Núcleos Criminosos pode chegar a R$104 milhões, com 93 investigados.
O núcleo identificado na Lavagem de Capitais, após meses de análises bancárias, financeiras, fiscais, telepáticas, extração de das telefônicos e diligências externas, identificou que os traficantes, com atuação nível de atacado, atuavam em várias cidades do Rio Grande do Sul, com conexões em Santa Catarina e Paraná na parte logística e lavagem de capitais.
Os criminosos usavam técnicas de dissimulação para burlar fiscalizações contáveis e rastreio dos tipos, mediante fracionamento, seguidos de pulverizações entre gerentes financeiros e laranjas. A quadrilha usar cheques para pagamentos e descontos com outro operador financeiro, um empresário identificado também na Operação Erga Omnes, atualmente preso.
Os criminosos, que possuíam carros de luxo, usavam laranjas para mascarar a propriedade real, bem como constante moeda de troca entre membros. Um alvo gaúcho, morador de Santa Catarina, recentemente preso, teve em sua posse, aproximadamente R$1,8 milhões destes carros, suspeito de ser o mediador com atacadista, bem como usava técnicas de burlar o sistema bancário para pagamentos aos demais alvos. Um dos líderes ainda ensinava outros comparsas a como “lavar dinheiro”, captados nas interceptações telemáticas.
A investigação também comprovou a alta especialização da quadrilha com o uso de laranjas e operadores, em sua maioria, sem antecedentes, usando comerciantes, empresários, além de parentes próximos. Nas empresas reais e algumas de fachada, mesclavam ilícitos para conta de passagem, gerando confusão patrimonial proposital no fluxo de valores com suas pessoas físicas, com finalidade de ocultação, bem como dissimulavam nos contratos sociais alguns funcionários como sócios, para o empresário/operador financeiro também utilizar a conta bancária destes para o branqueamento.
Todos os valores obtidos pela quadrilha, eram oriundos do tráfico de drogas. O grupo é o responsável pelo maior esquema de logística de distribuição de maconha no Estado, transportando de 2 a 3 toneladas da droga por quinzena de países produtores à região metropolitana, para depois distribuir aos compradores que adquirem seus percentuais previamente mediantes consórcio entre os membros.
“Esta é mais uma investigação que demonstra que narcotráfico está se utilizando de vários segmentos da sociedade, com recrutamento de empresários, pessoas sem antecedentes, bem como agindo com discrição, rindo uma rede complexa de capitais”, conta o delegado Adriano Nonnenmacher.
Para o delegado Gabriel Borges, o trabalho integrado entre as delegacias do departamento possibilitou, ao mesmo tempo, desmantelar o esquema de transporte de drogas e lavagem de dinheiro.
O diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, ressaltou a importância da operação dizendo “Esta é uma ação direcionada a grandes operadores de fações sediada na grande Porto Alegre, com abrangência interestadual, responsáveis pela compra e distribuição em larga escala de drogas no Rio Grande do Sul”.
Até o momento 14 pessoas foram presas, cerca de R$ 300 mil em esmeraldas, R$ 7 mil em espécie, 4 veículos de luxo apreendidos.