Para combater o Coronavírus o mundo inteiro está se mobilizando. Uma das ações em comum em todos as localidades é a compra de respiradores. De acordo com o diretor do Hospital de Portão Renaro Teixeira Portão também está nesta luta. O hospital contava com apenas um, mas a Prefeitura comprou outros três equipamentos para utilizar no caso do Coronavírus chegar ao município.
O primeiro chegou na tarde desta segunda-feira, 30. Os outros dois são esperados nas próximas semanas. “Neste momento não é só uma questão financeira, mas sim das indústrias conseguirem entregar os respiradores em função da grande procura por esse equipamento.”, explica Renaro.
Contratação de profissionais
Além dos equipamentos, o Hospital de Portão pediu para que a Prefeitura autorize a contratação de uma nova equipe que ficará atendendo exclusivamente pacientes que tiverem Coronavírus. Isso porque, por recomendação do governo do Estado, essa equipe não pode ficar em contato com outros pacientes da emergência. Tirando médicos, que serão em torno de nove para completar dois médicos 24 horas, são nove enfermeiros, 8 técnicos de enfermagem, 4 recepcionistas e 4 higienizadoras. “Esse pessoal todo vai estar em um lugar separado, com EPI’s que protegem mais, macacões. Quem trabalhar ali não vai ir para a emergência do hospital.”, explica Renaro.
A barreira mais forte é a do isolamento social.
Renaro Teixeira salienta que a barreira mais forte e mais efetiva é a do isolamento social. Para ele é preciso que as pessoas se conscietizem que no Brasil não há uma estrutura que possa dar conta dos casos de Coronavírus caso a gente não consiga controlar a propagação da doença. “Por isso está aí o Ministro da Saúde toda hora pedindo isso. Essa é a barreira mais forte.”, explica e completa: “Até agora os governos que foram mais flexíveis acabaram tendo que depois tomar medidas muito mais duras. A gente vai ter quatro respiradores, mas não necessariamente todos eles serão para o Covid-19. Nós temos mil leitos de UTI no Rio Grande do Sul, mas todos estão sendo utilizados para o Covid-19? Claro que não. A gente não tem hoje um número disponível caso as coisas saiam do controle.”, pontua.
Sobre a paciente com caso suspeito de Coronavírus
Ontem à tarde uma paciente com caso suspeito de Coronavírus foi transferida do Hospital de Portão para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Renaro explica que a paciente procurou o hospital por um problema clínico, que já vinha procurando o serviço de saúde da região e que durante a madrugada de segunda-feira teve dispinéia severa, saturando muito baixo, e foi isolada como suspeita de COVID-19. “Ela foi cadastrada na central de leitos do Estado e isso me preocupou porque ela estava desde de manhã no sistema e foi conseguir transferência às 16h. E a gente nem está no pico, está no início. Uma paciente jovem, sem doenças prévias, com bastante problema pulmonar, demorou todo esse tempo para uma UTI absorver. Como vai ser daqui pra frente se o cenário piorar?”, questiona.
Possibilidade de outras casos no município
Indagado sobre a possibilidade de outros casos de Coronavírus em Portão, Renato diz que não tem como se ter certeza. “Na verdade já aconteceu de pessoas chegarem com os sintomas no hospital. Então seguimos o protocolo: encaminhamos para casa, atestado para a pessoa e a família de 14 dias, orientamos para tentar tratar em casa e indicamos que caso não conseguisse manejar a febre para ir até o Centro de Especialidades Dari Hoff. Hoje o protocolo vigente é só fazer o teste em quem é paciente grave. A gente não sabe se é muito da Influenza normal, mas não dá para afirmar que não eram pessoas que não tinham o Coronavírus. Tem muita gente com sintomas leves, levíssimos, e que passa bem.”, explica.
Não vá ao hospital caso não esteja com sintomas graves
Para finalizar, Renaro lembra que o hospital é a ponta do atendimento. Primeiro as pessoas que estão com sintomas gripais como dor de cabeça, febre baixa, pouca falta de ar devem ficar em casa tentando controlar os sintomas. Caso isso não seja possível devem procurar o Centro de Especialidades Dari Hoff e as Unidades Básicas de Saúde. “As pessoas fazendo o manejo da febre em casa, deixando para procurar o hospital em caso de falta de ar severa e cansaço, esse é a melhor ação no combate ao Covid-19.”, explica. Isso porque assim elas também previnem de se contaminar caso não tenham o Coronavírus.
“Enquanto sociedade a gente tem que pensar que tudo que a gente fizer antes pode parecer exagero, e tudo que a gente fizer depois vai parecer insuficiente. Então a gente vai ter que escolher qual será a nossa decisão”, finaliza Renaro.