A Polícia Civil gaúcha, lançou na última sexta-feira, 7, o Mapa dos Feminicídios 2022, que traz a realizada dos números envolvendo feminicídio no Rio Grande do Sul durante o ano de 2022. Segundo o relatório, 106 mortes do tipo foram registradas em 69 municípios. Os dados são um compilado do Observatório de Violência Doméstica da Secretaria Estadual da Segurança Pública e do Anuário Brasileiro da Segurança pública.
Apesar de o mapa apontar para um aumento de 10,4% no número de mortes de um ano para o outro, a Polícia Civil tem atuado para diminuir a taxa de feminicídios. Umas das principais apostas, foi a criação de mais de nove Sala das Margaridas ao longo do ano. A sala é especializada no acolhimento de vítimas de violência doméstica, familiar e de gênero por meio de um espaço amplo, reservado e equipado com o melhor recurso disponível. Nesta mesma esteira, de combate à violência, também foi criada a Delegacia Online da Mulher, disponível desde o mês passado, a DOL Mulher é uma página exclusiva para tratar da violência doméstica e de gênero contra a mulher, dentro do site da Delegacia Online e disponível 24h, podendo ser acessado de qualquer tipo de dispositivo, como celulares, tablets e computadores.
Contudo, dos 196 casos de feminicídios registrados no ano passado no Estado, mais de 80% delas não possuíam medidas protetivas vigentes na data do crime, metade não possuía nem registro de ocorrência policial anterior ao fato. Apesar de apresentar um aumento no número de feminicídios em comparação ao ano passado, 2022 foi o período com menos mortes de mulheres em decorrência de outros crimes, quando a vítima não morre por ser mulher. Foram registrados 154 registros, o menos desde 2018.
Regiões
Esses crimes ocorreram em 69 municípios gaúchos de diversas regiões. A Região Metropolitana despontou com 39 deles, sendo as cidades de Porto Alegre (10), Alvorada (3) e Gravataí (3) que mais se destacaram. É seguida pela Região Noroeste com 31 feminicídios, 6 desses só em Passo Fundo. Também há registros nas regiões Nordeste (11), Centro Oriental (7), Sudeste (7), Sudoeste (7) e Centro Ocidental (4).
Para o Chefe de Polícia, Delegado Fábio Motta Lopes, uma das grandes diferenças desse para os mapas anteriores é, justamente, a dispersão das ocorrências. “É uma prova cabal de que a Polícia Civil precisa continuar ampliando o seu atendimento por meio da Sala das Margaridas, que é um serviço qualificado, sensível e à altura das necessidades dessas mulheres e de seus filhos que, não raramente, também são vítimas dessa violência”, analisa. Motta lembra que só no ano passado, 95 crianças e adolescentes perderam suas mães para a violência e 35 perderam os dois pais – quando o agressor tira a própria vida após o crime.
Perfil
Com idades variadas, a maioria das vítimas tem entre 18 e 24 anos ou está na faixa dos 40 a 44. São solteiras (65,1%), brancas (83%) e com apenas o ensino fundamental completo (52,8%). O mapa ainda revela que das 106 vítimas, 89 eram mães e 43 possuíam filhos com o próprio agressor – 3, inclusive, estavam grávidas na ocasião do crime.
Já quanto aos agressores, a maioria tem entre 25 e 29 anos ou está na faixa dos 45 a 49, solteiros (68,9%), brancos (80,2%) e com apenas o ensino fundamental completo (57,5%). A maioria, 98,1%, é de homens, sendo que 84% desses têm antecedentes policiais – 67% por violência doméstica e familiar. A situação deles varia: enquanto que 68,9% foram presos, 20,8% tiraram as próprias vidas após executarem suas vítimas.
Outros dados
Ainda segundo o Mapa da Violência 2022, em 94,2% dos casos o autor foi companheiro ou ex-companheiro da vítima e em 3,7% havia algum parentesco entre eles. Na maioria dos casos, 72,6%, a residência da vítima foi o local do crime e quase 53% deles ocorreram aos fins de semana.