Na última quinta-feira, 25, o programa Linha Direta da Globo falou sobre a operação X-CON que foi realizada Polícia Civil. Mas você sabe do que se trata?
A Operação X-Con teve 3 fases no combate aos crimes de extorsão, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Ela foi desencadeada pela Delegacia de Polícia de Esteio e desarticulou um grupo de criminosos que aplicavam o “Golpe dos Nudes”.
Bastante conhecido e noticiado, esse golpe consiste inicialmente em um primeiro contato com uma possível vítima, ou por uma rede social ou pelo aplicativo Whatsapp, onde uma pessoa jovem e bonita instiga uma vítima a trocar mensagens de cunho sexual e fotos íntimas. Na sequência, outra pessoa se apresenta como pai da jovem, dizendo que a filha é menor de idade e a conduta da vítima se amolda ao crime de pedofilia. Para não denunciar, isto é, para não levar o fato ao conhecimento de um Delegado de Polícia acarretando, consequentemente, na prisão da vítima, o suposto pai exige depósitos em dinheiro.
Na maioria das vezes, após o recebimento de valores, o extorsionário continua exigindo dinheiro dizendo que haverá a necessidade de submeter sua filha a tratamento psicológico ou, ainda, exigindo o depósito de valores, como em um dos casos analisados pela investigação, para o enterro da adolescente que, em razão dos graves danos psicológicos sofridos atentou contra a própria vida, praticando suicídio. É bastante comum também, nesses casos, a presença de uma quarta pessoa envolvida, que se apresenta como policial, muitas vezes com fotos e nomes reais retirados das redes sociais, dizendo que está sendo registrada uma ocorrência e que será expedido mandado de prisão contra a vítima, a deixando desesperada e fazendo com que deposite mais dinheiro aos golpistas.
No caso das investigações efetivadas pela Polícia de Esteio, as quais tiveram início em maio de 2021, observou-se algumas peculiaridades. Inicialmente tomou-se como base o afastamento do sigilo bancário no período de dois meses, de duas investigadas, onde foi constatada a movimentação de R$ 160.600,00 reais em uma das contas e R$ 357.000,00 reais em outra conta bancária da segunda suspeita. A partir dessas primeiras informações foi representado pela quebra de sigilo bancário dos beneficiários dos valores repassados pelas duas investigadas, também analisado um curto período de tempo, constatando-se imenso fluxo financeiro, incompatível com a renda informada pelas suspeitas.
Outra informação é a de que todos tinham vinculação com presos ou ex-detentos ligados a uma facção, cujo líder aparece como um dos donos da linha telefônica utilizada em diversos golpes. Assim, durante as investigações ficou demonstrado que existiam os beneficiários diretos das extorsões praticadas, os quais são os recebedores das quantias advindas da extorsão e os destinatários finais que recebem dinheiro de origem criminosa repassados por outros extorsionários, gastam e constituem empresas de fachada, provavelmente para lavagem de dinheiro.
Ficou identificado na investigação que os “comandantes” do esquema eram líderes de galerias das Penitenciárias sendo aqueles que, provavelmente, acompanham e auxiliam diretamente as atividades de extorsão praticadas por presos de sua galeria.
Chamou a atenção na investigação, que os indivíduos utilizavam os aparelhos de whatsapp, se passando por Delegados de Polícia e outras autoridades públicas, ameaçando as vítimas e exigindo o recebimento de valores para que elas não fossem presas.
Cidades: Esteio, Canoas, Eldorado do Sul, Porto Alegre, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha, Lindolfo Collor, Montenegro, Passo Fundo, Lageado, Xangri-lá, Charqueadas.
Cabe destacar que nenhum Policial Civil, seja Agente ou Delegado, entra em contato para solicitar valores. Em dúvida, procure a Delegacia de Polícia mais próxima e faça o registro de ocorrência.