Ocorreu na última quinta-feira, 10, no CTG Querência do Imbé, a audiência pública da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Assembléia Legislativa, para tratar sobre os impactos ambientais e na pesca cooperativa no canal estuário do Rio Tramandaí, para a construção da ponte binária. A assembléia foi proposta pelo presidente do Colegiado, o deputado Zé Nunes, do PT, para atender a solicitação do Fórum da Pesca do Litoral Norte, do Projeto Botos na Barra e do Movimento não à Ponte.
O debate reuniu autoridades, pesquisadores e moradores das duas cidades, com duração de cerca de 3 horas, que dividiu autoridades locais, pescadores, comerciantes e moradores, que defendem a construção da ponte. E entidades e especialistas que atribuem à obra e localização da nova ponte prejuízos ambientais, especialmente à pesca cooperativa entre botos e pescadores na Barra do Rio Tramandaí. Eles também reclamaram da falta de transparência sobre o projeto de construção da ponte, com argumentos de que até dias atras, não havia sido realizada nenhuma audiência pública sobre o assunto.
De acordo com o deputado Zé Nunes, a audiência pública cumpriu papel importante para a elucidação de dúvidas sobre o tema: “Tivemos aqui vários esclarecimentos, várias manifestações e opiniões, abrindo a possibilidade de mais diálogo. Esperamos que, ao seu tempo, possa se chegar a uma alternativa que seja boa para toda a comunidade, preservando, tendo todos os cuidados e estudos de impacto ambiental e que se possa superar a questão da fragilidade do trânsito entre as duas cidades”, resumiu o deputado.
VIABILIDADE
A prefeitura de Imbé, preocupada com a deteriorização da atual ponte entre os 2 municípios, contratou um estudo de viabilidade para a nova travessia. De acordo com este estudo, duas alternativas poderiam ser viabilizadas. A primeira seria a distância da Barra, com previsão de investimento de R$140 milhões. A segunda seria a localização junto à Ponte das Sardinhas, com um custo de R$40 milhões, com recursos orçamentários do Governo do Estado e de emendas da bancada Federal Gaúcha.
ESTUDOS TÉCNICOS
O professor de Geografia da UFRGS, André Baldraia, ressaltou a importância de realização de estudos técnicos específicos com foco nas espécies ameaçadas de extinção, para mensurar o impacto da localização e execução de obras. O professor também destacou a necessidade de serem encontradas soluções viáveis para a mobilidade urbana para área central de Tramandaí.
O representante do Fórum da pesca do Litoral Norte, Leandro Miranda, fez um relato cronológico dos problemas da pesca artesanal no litoral norte e destacou a necessidade do resgate da identidade cultural dos pescadores locais. Leandro não se manifestou contra a construção da nova ponte, mas advertiu que é necessário estudar toda a interrelação entre a população, pescadores e meio ambiente da região.
Esse também foi o foco da manifestação do presidente da Associação da Comunidade do Braço Morto, Athos Stern, que defendeu a construção de uma nova ponte, junto co a ponte já existente, ou algum outro traçado que não seja próximo à barra do rio. Silvio Donineli, do movimento Não à Nova Ponte, afirmou que é uma insanidade permitir a construção da nova ponte no local, por conta da fragilidade ambiental. Silvio pediu para que a Comissão encaminhe ao Ministério Público documentos que comprovem o risco de intervenção no espaço e na pesca cooperativa entre pescadores e boas.
PREFEITURTAS
O prefeito de Tramandaí, Luiz Carlos Gauto da Silva, reforçou os argumentos de necessidade de nova ponte, como a vulnerabilidade, mobilidade urbana, expectativa de mais trânsito rodoviário a partir da construção de Porto de Arroio do Sal: “Queremos chegar a um consenso, em que não acha vencedores nem derrotados”, destacou o prefeito.
O prefeito de Imbé, Luiz Henrique Vedovato, destacou que não existe projeto de nova ponto, o que existe é um estudo contratado pela prefeitura para o estudo de viabilidade: “Por isso não há pedido de licenciamento à Fepam e não foram realizadas audiências públicas”, explicou o prefeito, que também indicou locais das pontes feita pelos técnicos contratados, que trabalharam um ano antes de apresentarem seu trabalho. O prefeito entende que aa atual ponte traz certa insegurança aos moradores das duas cidades, mas que esse receio não permite o desenvolvimento regional, devido a baixa capacidade de carga, além dos históricos engarrafamentos no local: “Não vamos fazer nada que não seja bem pensado, que agrida o meio ambiente ou não tenha soluções para os problemas viários das nossas cidades”, disse Vedovato.
Também se manifestaram na audiência o presidente da Câmara de Vereadores do Imbé, Marcelino Teixeira, o Catarina; Cassinele Mariano da Rocha, do Ceclimar; Marco Rossoni, da Fepan; os pescadores Amauri e Wilson Hopke; a represenetante do movimento Imbé Sem Prédios, Jussara Gauto e o empreendedor Ronaldo Michelon.