Nossa reportagem conversou com cinco moradores de Portão que acusam a empresa Incorp de ter valores trabalhistas em aberto com eles. Os relatos começaram a chegar em nosso WhatsApp falando sobre as últimas semanas de trabalho deles no local. A Incorp é uma terceirizada que havia sido contratada pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) para fazer o funcionamento do pedágio de Portão. Em fevereiro o contrato da EGR foi finalizado, outra empresa assumiu, e por isso a Incorp desligou os funcionários. Todos os entrevistados trabalhavam no pedágio.
O fim do contrato da EGR
Em fevereiro deste ano o Pedágio de Portão deixou de ser controlado pela EGR. De acordo com testemunhas, pelo menos 30 pessoas que trabalhavam no local foram demitidas pela Incorp. Alguns foram contratados pela atual responsável pelo pedágio, outros procuram novas colocações. Uma reclamação recorrente dos funcionários demitidos é sobre a dificuldade em receber valores referentes a demissão.
No dia 23 de fevereiro uma dessas funcionárias demitidas entrou em contato com a nossa redação. Segundo ela, muitos dos funcionários demitidos não receberam valores referentes a rescisão. “Eles disseram que não vão pagar e não tem previsão de pagamento.”, explica. Segundo ela, cerca de 30 funcionários aguardam o pagamento dos valores. Ela afirma que o funcionário do RH da Incorp que foi ao local alegou que a empresa não tem fundos porque a EGR não fez um pagamento para eles e que, por isso, não tem recursos para quitar os valores em aberto.
Na série de matérias a seguir nossa reportagem explica o que conseguiu apurar até o momento. Essa investigação está em progresso.
O que dizem os denunciantes
Há relatos, que podem ser lidos abaixo, de pessoas que trabalharam por 10 anos na Incorp. Nos últimos anos elas começaram a ser informadas de que o FGTS não estava sendo pago em sua integralidade. Ao serem demitidos, muitos deles ficaram sem parte do FGTS, sem as férias, sem o proporcional.
Segundo eles a dificuldade de pagamento é uma questão recorrente. No ano passado a empresa já havia sido acionada na Justiça, mas naquela oportunidade as reclamações, além da falta de FGTS, eram por salários atrasados. Leia abaixo:
Entrevista: “Nunca faltei trabalho, ia doente pra cumprir com minhas obrigações e eles não estão nem aí.”
Entrevista: “A gente não tinha informação oficial nenhuma de que a empresa ia ser trocada.”
Entrevista: “Eles faltaram muito com os funcionários.”
O que diz a EGR
Nossa redação entrou em contato com a EGR. Através de sua assessoria de imprensa, a Empresa Gaúcha de Rodovias salienta que manteve, durante todo o contrato, os valores de pagamento em dia com a Incorp, mas explica que o último pagamento não foi realizado por questões judiciais. “A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) informa que durante o todo o período em que a praça de pedágio de Portão esteve sob sua administração, manteve os pagamentos à empresa Incorp rigorosamente em dia. Contudo, devido aos descumprimentos contratuais por parte da Incorp – que geraram ações judiciais -, a EGR reteve valores referentes ao último pagamento.”, explica.
Incorp não mantêm canal de comunicação
Nossa redação tentou contato inúmeras vezes com a Incorp, sem sucesso. Conseguimos, contudo, falar por ligação com um funcionário da empresa. No primeiro contato ele disse que não iria se pronunciar, mas indicou formas de entrar em contato com a empresa. O telefone indicado por ele está desconectado há pelo menos duas semanas. Encaminhamos e-mails à empresa que foram recebidos, mas não respondidos.
Por isso, tentamos novamente contato com o funcionário em questão a fim de ter uma participação da Incorp para que se pronunciasse sobre o caso, mas ele, agora já visivelmente irritado, disse que não iria responder pela empresa e disse para seguirmos tentando contato pelos meios oficiais, o que seguimos fazendo nas últimas duas semanas todos os dias. O mesmo funcionário também afirmou que ele também está em processo demissional.
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